Localizado no subúrbio de North Shore, na maior cidade da Nova Zelândia, o clube possui um elenco composto exclusivamente por jogadores que trabalham ou estudam em tempo integral além de suas carreiras no futebol.

De operadores de empilhadeira a vendedores de refrigerantes e corretores de imóveis, a ascensão do pequeno time neozelandês ao ápice do futebol mundial tem sido comparada por alguns a um roteiro de Hollywood.

Após ser coroado campeão da Liga dos Campeões da Oceania no ano ado, o Auckland City garantiu sua vaga no torneio e se tornou o único representante do continente no processo.

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Grupo difícil

Sorteado em um grupo com o Bayern de Munique, 34 vezes campeão alemão, o gigante português Benfica e o icônico time argentino Boca Juniors, o elenco do Auckland City buscará fazer história no futebol ao competir contra alguns dos maiores jogadores do esporte nas próximas duas semanas.

Em entrevista ao CNN Esportes, o capitão do time Mario Ilich descreveu como o "amor pelo jogo" de sua equipe foi a força motriz por trás da histórica classificação.

"As pessoas dizem que os jogadores profissionais trabalham duro, o que é verdade, mas nós estamos tentando competir no mais alto nível do jogo enquanto mantemos dois, e em alguns casos três, empregos."

Ilich, que ganha a vida como representante de vendas da Coca-Cola, detalhou a rotina agitada que a maioria do elenco segue diariamente.

Sem os complexos de treinamento multimilionários disponíveis para muitas equipes europeias de elite, os jogadores do Auckland City precisam encaixar a maior parte de seus trabalhos de academia e recuperação fora das instalações do clube.

"Meu dia normal começa por volta das 5h quando o alarme toca. Levanto e vou para a academia por uma hora antes de voltar para tomar café da manhã e chegar ao escritório às 8h."

"Tento terminar antes das 17h para conseguir atravessar a cidade até o treino, que começa às 18h. amos cerca de duas horas no gramado, e chego em casa por volta das 21h antes de ir para a cama para me preparar para fazer tudo de novo no dia seguinte."

Treinos

Os Navy Blues treinam quatro noites por semana, com suas partidas da Liga Regional da Nova Zelândia geralmente disputadas aos sábados.

É uma programação que não permite muito tempo para vida além do escritório ou do campo de futebol e pode cobrar seu preço, não apenas dos jogadores, mas também de suas famílias e amigos.

"Só consigo ver minha parceira realmente na sexta à noite, ou em alguns domingos, mas felizmente ela é muito compreensiva quanto à natureza finita da carreira de um jogador e me permite perseguir meus sonhos", disse Ilich.

O goleiro do Auckland City FC, Conor Tracey, relembrou o momento em que ele e o resto do elenco souberam os resultados do sorteio da fase de grupos do Mundial de Clubes.

"Você nunca esquece um momento como aquele", disse Tracey à CNN, descrevendo como os jogadores e a comissão técnica se reuniram às 6h para assistir ao sorteio ao vivo na sede do Auckland City antes de seguirem para seus respectivos trabalhos.

"Conforme cada time era sorteado, nossos queixos iam caindo cada vez mais. Cada equipe tem uma história e reputação incríveis no esporte - é realmente o sorteio dos sonhos em termos de contra quem você quer se testar."

Para Tracey, que a seus dias no depósito de uma empresa farmacêutica veterinária, o torneio será "o ápice" de sua carreira.

No entanto, com o manuseio manual e frequente levantamento de peso exigido em seu trabalho diário, ele tem lutado recentemente contra lesões.

"Meu trabalho pode ser extremamente físico e pode cobrar seu preço no meu corpo. Tenho sido muito mais propenso a lesões do que um goleiro comum, dado o pouco tempo que temos para uma recuperação adequada."

Vida dupla

A dificuldade em lidar com as exigências do futebol de elite enquanto tenta equilibrar um trabalho "comum" é algo que ressoa com Adam Mitchell, vice-capitão do Auckland City.

Mitchell pensou ter realizado seu sonho de infância quando garantiu uma transferência para o Estrela Vermelha de Belgrado, ex-campeão da Liga Europa, no início de sua carreira.

No entanto, a falta de tempo em campo o levou a se transferir para o futebol na Eslovênia, seguido por uma breve agem pelas divisões inferiores do futebol inglês com o Bolton Wanderers.

Chegou um momento em que Mitchell teve que decidir entre continuar perseguindo seu sonho de futebol profissional ou retornar à Nova Zelândia, com a perspectiva de uma renda mais segura vendendo imóveis sendo o fator decisivo em sua decisão.

"Quando jovem, é o sonho de muita gente chegar ao topo e se tornar um jogador profissional, mas acho que muitas vezes as pessoas não percebem o quão difícil e competitivo pode ser", disse Mitchell ao CNN Esportes.

"Há milhares de jogadores lutando por apenas um punhado de contratos. Então, quando você não acaba no glamour do futebol de elite – onde não há mansões ou carros luxuosos – você pode achar muito difícil, especialmente se estiver em um país estrangeiro."

𝗙𝗶𝗻𝗮𝗹 𝘁𝗿𝗮𝗶𝗻𝗶𝗻𝗴 𝘀𝗲𝘀𝘀𝗶𝗼𝗻 𝗶𝗻 𝗖𝗵𝗮𝘁𝘁𝗮𝗻𝗼𝗼𝗴𝗮 𝗯𝗲𝗳𝗼𝗿𝗲 𝗼𝘂𝗿 𝗙𝗜𝗙𝗔 𝗖𝗹𝘂𝗯 𝗪𝗼𝗿𝗹𝗱 𝗖𝘂𝗽 𝗱𝗲𝗯𝘂𝘁 🏆

The Navy Blues will travel to Cincinnati tomorrow, where they’ll play their first match at TQL Stadium 🏟️#CityMeansEverything pic.twitter.com/LnfKNExGwK

— 🇳🇿 Auckland City FC (@AucklandCity_FC) June 13, 2025

Sonho impossível?

No entanto, o time amador segue para os Estados Unidos com uma inabalável crença de que tudo pode acontecer, não importa quão grandes sejam as probabilidades.

"Eles ganham milhões e milhões de dólares, e nós somos apenas amadores jogando por amor ao jogo", disse Ilich ao CNN Esportes.

"Mas o que temos é que somos todos amigos dentro e fora do campo e vamos competir intensamente uns pelos outros."

"Se executarmos o plano do nosso treinador e dermos o nosso melhor, quem sabe o que pode acontecer? No final das contas, são apenas 11 jogadores contra 11 jogadores."

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